Imaginário Farkas: uma experiência imersiva, realizada no Museu de Imagem e Som do Ceará, é uma exposição audiovisual que faz uma viagem sensorial pelo universo visual e poético do fotógrafo Thomaz Farkas (1924-2011), reconhecido como um dos pioneiros da fotografia moderna no Brasil, com uma significativa contribuição para o cinema nacional. Tive a oportunidade de trabalhar na elaboração do roteiro da obra e na edição e montagem do material fílmico de Farkas.

O legado de Farkas, para além do rico acervo de fotografias e objetos de registros pessoais, inclui também o projeto de documentários intitulado Caravana Farkas, realizado por ele e sua equipe durante a década de 1960 e início dos anos 1970, em plena ditadura militar, que nasceu do desejo de registrar a cultura popular brasileira, em especial as manifestações culturais e tradições de comunidades rurais e urbanas de diferentes regiões do Brasil.

A partir de um recorte acerca da multidão e do coletivo, palavras norteadoras desde o início do processo de concepção, a montagem feita a partir dos filmes Subterrâneos do Futebol, Nossa Escola de Samba, Pixinguinha e A Velha Guarda do Samba e Todomundo simula a vibração, os respiros, o tumulto e os silêncios de presenciar um jogo com Pelé no final dos anos 60 no estádio do Pacaembu, estar no meio das preparações do desfile da escola de samba Escola da Avenida, no morro Pau da Bandeira, no Rio de Janeiro e, ainda, ter acesso ao registro feito em 16mm de Pixinguinha e a Velha Guarda do Samba que havia sido perdido por 50 anos.

As montagens e colagens na obra imersiva aparecem, nesse sentido, como uma forma de atualização das imagens de Farkas, na medida que elas permitem, entre novas sobreposições e associações, uma nova criação de ritmos, e, portanto, uma nova criação e regime de imagens.

Em alusão ao seu centenário, a experiência imersiva integrou a exposição “Thomaz Farkas - a beleza diante dos olhos”, com curadoria de Simonetta Persichetti e Rubens Fernandes.